sábado, 15 de novembro de 2014

acorda, rapaz

E de repente, um escrito para quem mesmo escreveu, indireta direta que atingiu o mesmo lugar de onde veio.
Presta atenção, rapaz.
Ninguém acha legal o que você faz. As pessoas não estão nem aí se você está lá ou não. Não é que elas te notam ou deixam de te perceber, é que simplesmente não faz a menor diferença. Ninguém gosta do que você gosta, ninguém acha legal as coisas que você gosta. Você é estranho, você não tem critério, você é um chato, esquisito, sem noção, que vive no mundo da lua e só sabe falar de coisas sem sentido! Todas essas coisas, mas é o único que ainda não percebeu isso. Ninguém consegue ser teu amigo, rapaz. Ninguém consegue te entender. Acorda, moço, pare com esses dramas, seja realista. Se encare como o nada que você é. Se levante, se transforme, mas faça o melhor de tudo: seja você, mas entende que as pessoas não te querem por perto.

sábado, 1 de novembro de 2014

vem cá

sabe o que eu queria hoje? um bom abraço, um colo e uma mão passando pelo meu cabelo. me arrepiar com o toque daquele que se diz que te ama até dormir e não ver as horas passarem. me despedir reclamando que já é tarde e que o tempo não passou, mas ao menos ter passado esse tempo sentindo teu toque. sabe o que eu queria hoje? não é beijo, não é abraço ou qualquer coisa que me faça sentir mais prazer do que poder olhar para cima e te ver sentado, apoiando minha cabeça em suas pernas enquanto penso que o mundo pode ser essa coisa grande lá fora, o que importa é o aqui, o que eu sinto. você é real? acho que eu só estou um pouco só, querendo sua realidade aqui juntinho assim.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

reflexo

 Seu reflexo diz muito mais de si mesmo do que uma simples cópia da luz que seu corpo transmite. Seu reflexo é você, como uma tradução em forma de imagem de tudo o que você é por dentro. Aqui, o nosso coração nunca anda de mãos dadas com a nossa mente, mas ali, do outro lado disso que chamamos de espelho, temos a transformação desse código emaranhado e sem sentido numa coisa só. A gente é que não percebe isso. A gente acha que é só uma lei da física e pronto, mas pode ser muito mais. Mas se o outro lado existe, ele só é uma tradução do que o nosso mundo queria ser, fingindo que é o mundo que a gente vê porque na maioria das vezes somos cegos demais para enxergar a realidade.

domingo, 20 de julho de 2014

longe, mas perto

O amigo estava inconformado com aquilo. Com tanta gente perto, alguém de tão longe?
"Para que você foi até lá? É tão longe!"
Respirou, lembrou do dia que descobriu o que sentia, e respondeu, com calma, porque era a coisa que mais valia a pena dizer.
"Ele é desses que qualquer um quer olhar nos olhos e confiar em cada palavra que diz. Desses que você sabe que vai poder contar em todos os momentos bons, ruins e indiferentes. Ele é desses que você pode nunca saber o que está fazendo, mas que você pode confiar, porque ele é sincero, porque ele te abraça sem você pedir, e se você pedir, vai te dar o melhor abraço do mundo. Ele é desses que passa batido, se você não conhece, mas se você ganhar um 'oi', ele ganha seu coração. Ele não sabe os seus desejos, mas os realiza, memo que não seja da forma que você esperava, mesmo que te chateie, e de repente você só vai querer estar com ele, em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa. E a distância, essa que você queria tanto superar, vai ser minimizada quando, do nada, ele der sinal de vida, e lembrar você que ele está lá, sempre, sendo essa pessoa impossível de esquecer. Não dá nem para querer esquecê-lo. É por isso que eu fui até lá, até ele, porque por causa dele, qualquer um que realmente perceba o quanto ele é uma pessoa maravilhosa, iria a qualquer canto desse universo"


quinta-feira, 17 de julho de 2014

sinopse

Era um jovem normal.
Dormia, acordava, ia para a faculdade e tinha seus anseios, suas expectativas, seus pequenos mundos dentro da cabeça. Tinha alguém para chamar de seu, e um bando de gente para dizer oi. E só.
Mas...
A faculdade não era mais aquele sonho de aluno de ensino médio, o alguém para chamar de seu já merecia outro alguém melhor para pertencer. As pessoas para dizer oi, bem, são complicadas demais e às vezes é melhor fingir que não existem, ou dar um baita de um abraço. Dormir e acordar bem eram artigos de luxo, e raros.
E uma dessas pessoas para dizer oi, disse oi e também falou um vem comigo, desses que deixam a gente empolgado. E ele foi.
"Olha só, mais pessoas para dizer oi!"
De todo aquele bando de gente nova, saiu um que se juntou a outro, que já era meio que parte das pessoas que diziam oi. E eles se viam juntos, aquele grupinho. Mas nessas entradas e saídas, ele não se contentou com um cumprimento. Se aproximou daquele novo, se aproximou muito, e eles jogaram as mãos para cima brincando com os dedos, como dois que não querem pensar em mais nada.
Ele não era mais um jovem normal.
Não conseguia mais chamar aquele que era seu de seu. Não conseguia dizer oi para o que brincou com suas mãos, porque não era apenas um oi. E o que brincou com as mãos, de repente, percebeu que o que mais queria era dizer mais do que um oi, e agora tudo fazia sentido.
E eles se sentiram culpados, tentaram escapar, mas havia uma coisa ali que fazia os corações baterem mais forte pelo do outro, como se o tempo tivesse conspirado para que quisessem, mais e mais, estar juntos.
E depois dessa sinopse, eles querem construir.
Bom, não dá pra dizer se o final é feliz ou não, ou quantos ois serão ditos até a última página. Mas basta viver cada página como se fosse um final feliz.


terça-feira, 8 de julho de 2014

das mãos brincando no ar

Liga o som mais uma vez. Faz tocar aquela música que faz lembrar aquela pessoa. Se joga no sofá da sala e se abraça, sentindo a força dos braços de quem não fazia questão de se manter o mínimo longe. Passa a mão pelo próprio rosto e sente a mão daquele que se tornou único acariciando cada centímetro de sua pele enquanto se arrepia quando lembra dos beijos simples, e dos beijos ousados. Das mãos brincando pelo ar e do cabelo bagunçado não tem como escapar. 
Coloca os pés no chão e se lembra do olhar que ficava fixo em si, e chamava para se aproximar, e para sentir mais uma vez. Concentra-se em sentir a pele, sentir o coração bater, sentir os olhos nos olhos e o fôlego se perdendo nos momentos juntos como se não houvesse diferença entre dois que se descobriram dando tão certo, que parecem ter a mesma alma, saída de mães diferentes. E o abraço apertado e inesperado, naquela noite em que tiveram de lembrar que a realidade era maior e tinham que enfrentá-la. 
Mas foi a própria realidade, brincalhona com as coisas que a gente sente, que parece querer conspirar, colocar os pensamentos juntos, fazer com que os sorrisos involuntários se tornassem um resultado, aqui e ali, de uma presença que precisava existir, sempre que pudesse. E nesse caso, bem que deveria poder o tempo todo.
Esquece o resto do mundo, enquanto está junto a ele. E sonha em estar de novo, e sorri ao se lembrar do rosto, aquele que faz lembrar que sim, existem pessoas com quem vale a pena estar o tempo todo.






segunda-feira, 2 de junho de 2014

von

Von... Ligação, esperança, futuro, von.
Uma sílaba, um único e rápido som que sai livre e sem rumo e pode ter um significado tão assim, que parece que abraça a gente num calor necessitado e significa quatro sílabas que aqui fazem o mesmo sentido.
Esperança é aquela palavra bonitinha que muita gente tem a mania de dizer quanto a gente está cabisbaixo e pensando em coisas depressivas. Esperança é aquela palavra que faz a gente lembrar do tal do "amanhã vai ser melhor", "o futuro vai dar bons resultados", "na próxima você tira nota boa e fica dentro da média do semestre", e que "você é uma pessoa jovem ainda e vai aquela perfeição em forma de gente".
Certo dia, em uma aula, o professor explicou que os conceitos de passado, presente e futuro são criações da sociedade humana e são só nossos. O futuro na natureza não existe, as coisas não são ruins para o resto dos seres vivos. E a gente, um bando de humanos pela própria falta de noção e de compreensão, nos colocamos como os cheios de coisas ruins que nos fazem querer ter a tal da esperança, hope, esperanza, von.
Vamos tê-la, para ficar bem.
Vamos correr atrás, para ficar bem também.
Vamos nos sentir realizados com o que gostamos, queremos ou sabe-se lá o que, para, também, enfim...
Mas por agora, pelo tempo que só a gente sabe que passa, dá um sorriso, vale muito a pena...
:)

terça-feira, 27 de maio de 2014

sai, mas fica. até porque é assim mesmo

Pensava em resolver seus problemas, mas tinha uma barreira impedindo. Buscava cada vez mais correr atrás do que queria, mas sentia como se tudo o segurasse no mesmo lugar. Era seu plano sair daquele lugar ruim e conhecer, ver uma cara nova para aquela vida regida pela monotonia de não se fazer nada além do que os outros já esperavam dele. Ele era assim, tinha medo de gritar para o mundo o que realmente queria, e esse mundo não era nada mais do que aqueles pequenos lugares que faziam parte de sua vida, com as pessoas que tinham se transformado em uma extensão de complexidades que completavam-no, mas agora ele se sentia incompleto.
Mas já era tão normal ficar sozinho, na mesma mesmice de sempre, que nem precisou recusar nada. Muito menos lutar para conseguir, mesmo que fosse isso era o que ele mais quisesse.
Já estava lá, já estava pronto. Não tinha opção.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ele, uma flor, um sonhador que salta pelas poças a procura de se sentir livre

Vai entender essa normalidade do ser humano de achar que metaforizar alguém de flor não serve para mim que sou menino. Acho isso bobagem, eu não posso ser um garoto, e ao mesmo tempo alguma espécie de flor? Pode ser daquela cheia de espinhos, que dá agonia só de chegar perto. Vai saber... Só não acho justo isso. Flores gostam de luz, e meu quarto tem uma janela que recebe muito bem a luz do sol, se aberta. E eu faço questão que ela continue assim. Não gosto de escuro, mas aprecio a solidão. Aprecio ficar sentado escrevendo palavras seguidas de outras formando frases que fazem sentido, ao menos para mim.
Divago em meus pensamentos. Sou desses que gostam de ficar deitados na cama olhando para o teto pensando no que poderia ser se os cachorros tivessem desenvolvido inteligência como a nossa, ou se estivessem mentindo sobre a verdadeira chegada do fim do mundo, ou então, quem sabe, quem seria esse filho da mesma mãe e do mesmo pai que moram aqui, caso outro espermatozoide tivesse a sorte de fecundar o óvulo que estava a sua espera, ou vice-versa. Sonho com pessoas que se tornaram especiais para mim, e tenho desfechos imaginários e felizes na minha mente, para cada uma delas.
Mesmo com aquela convivência familiar padrão, eu era, ou ao menos me sentia o bastante, solitário até ter encontrado meu melhor amigo, que era da minha idade e completamente o oposto de mim. Estudávamos juntos, e enquanto eu me perguntava que raios eu tinha ido fazer naquele curso, ele já tinha feito todos os seus planos para o futuro e já estava praticamente considerado da profissão desde que nasceu, ao menos era isso que parecia a mim. Ah, eu não entendia muito bem, mas eu gostava de meu amigo, aquele cara magro e alto, dos cabelos pretos curtos que fazia total contraste os meus cacheados e um pouco crescidos. E claro que eu era tímido e ele não. E claro que eu preferia ficar preso em casa enquanto ele gostava de estar do lado das amizades até quando as amizades não o queriam do lado. Mas eu queria, sempre que meu desejo me dizia, eu queria. Ele era especial para mim. Mais que eu, inclusive.
— Você e suas loucuras — ele estava no meu quarto, sentado na beirada de minha cama cuja cabeceira ficava para a janela.
— E eu não posso pensar numa história legal para cada um de nós? — eu disse, levantando-me da escrivaninha que ficava do lado direito e sentando do outro lado da cama. O sorriso dele me contagiou.
— Sabe de uma coisa, você imagina tanta coisa, escreve o que tanta gente acha sem sentido. Eu gosto disso.
— Você me suporta — eu disse, soltando uma gargalhada alta.
Sou uma flor dolorida, e não quero deixar de ser mesmo que a dor melhora, porque não acho que porque sou um menino que deixo de sê-la. Olha isso! No fundo eu sei que faz sentido...
— Mas você acha estranho — eu afirmei, em baixo tom.
— Das boas estranhezas.
Ele era desses que fazia questão de não minimizar as pessoas de quem ele gostava do convívio. Minha mãe dizia que se ele fosse uma menina a gente poderia se casar. Aí vem de novo essa normalidade chata do ser humano de achar que os meninos só podem gostar das meninas. Eu não gosto dessa ideia. Na verdade nunca parei para pensar de quem eu realmente tinha atração, nesse sentido de gostar, sabe... Eu só sei que eu poderia gostar, e pronto. Ninguém deveria se importar.
O tempo fechou e o sol forte dentro do meu quarto deu lugar a uma clara sombra acompanhada de uma brisa agradável. Aquele som estrondoso e que dá medo, o trovão, conseguiu ser ouvido por nós dois que olhávamos um para o outro compartilhando o sorriso que não se desfez. Muito pelo contrário, sou desses que acham os trovões acolhedores, um medo que aproxima as pessoas, talvez.
— Eu acho que vai chover.
— A chuva é linda.
— Linda e destruidora… é uma dualidade numa coisa só, e pode ser tão… tão amada e tão odiada, tão venerada e tão detestada. Mas eu não quero saber disso. A água caindo do céu é algo bom de sentir, enquanto o seu lado bom estiver prevalecendo. Vamos descer para o jardim, sentir a água bater em nós dois?
Ele me olhou com um rosto de estranheza, como se aquela minha ideia não fizesse muito sentido.
— E pegar resfriado?
— Ah... Vamos — levantei-me da cama e puxei a mão dele de leve, e ele veio atrás. Eu fui andando rápido, quase correndo pelos corredores até chegar à pequena escada que dava para a sala. Não tinha mais ninguém em casa, meus pais estavam trabalhando.
— Mas que ideia mais louca... Acho melhor não...
— Não ficar parado feito um bobo no seco se a gente pode sentir o melhor a se sentir. Vem... — eu disse abrindo a porta da sala e atravessando a garagem, até chegar ao jardim, que tinha grama e algumas pequenas plantas nos cantos. Umas floridas, e outras não, e uma árvore pequena, que eu não sabia o nome, num dos cantos, perto do muro.
Eu saí correndo primeiro, pisando na grama molhada e fazendo a água saltar por debaixo dos meus pés em sua volta, como se fossem poças intermináveis, enquanto a chuva caía não tão forte, mas o suficiente para me encharcar rapidamente e deixar meus cabelos molhados a ponto de ver a água sair deles em movimentos uniformes de suas gotas, quando eles se mexiam aos meus pulos e à minha correria.
— E você não vem? — eu disse, enquanto ele estava parado na garagem observando e sorrindo de leve, às vezes — Não vai aproveitar a chance de ser feliz um pouquinho aqui?
Enquanto ele permanecia parado, talvez decidindo o que ia fazer, se ia ficar com medo de se molhar um pouco e ia dar para trás, continuando a acariciar meu cachorrinho branco, que ficava lá balançando o rabo numa esperança de ter outra companhia de brincar na chuva. Ou se ia sair correndo para um momento de realização de si mesmo, como todo banho de chuva às vezes faz conosco. E eu sabia que ele queria. Seu olhar dizia isso. E eu girei meu corpo, de braços abertos e com o rosto para o céu, sentindo os pingos de chuva atingir a minha face, observando o movimento das nuvens que, aos poucos, se desfaziam a cada pingo que caía delas. Então um arrepio me veio, e eu sentia que eu poderia estar bem, eu sentia que a água que nutre e faz bem, a mesma que destrói e também mata, estava ali, naquele momento, lavando meus pensamentos que não podiam ser tão bons, porque eu poderia muito bem continuar sendo do jeito que eu gostava de ser: sozinho, perto apenas de quem eu gostaria de estar perto, mas mesmo assim querendo que todos ficassem bem.
Mas naquele momento queria vê-lo naquela grama, pulando nas poças infinitas escondidas sob as folhas verde-escuras. E sentindo a água da chuva lavar sua alma do jeito que eu sempre pensei, que ao menos em um momento da vida isso fizesse bem a qualquer ser humano. Ah, seria ótimo que todos experimentassem.
E olhei para ele. Ele estava agachado, tirando os sapatos e as meias e abrindo um sorriso de face a face. E veio correndo, abriu os braços em minha direção. As gotas de chuva atingiram seu rosto e seu corpo, e logo ele estava encharcado como eu. E, de braços abertos, foi chegando até a mim, e me abraçou, me envolveu apertadamente em seu corpo.
E ali eu senti que eu não era uma dessas flores cheias de espinhos, eu fazia bem a alguém. Nossos rostos se tocaram em nossos narizes, e nos olhamos.

E a chuva continuou a cair do nosso lado, enquanto o cãozinho continuava pulando e pulando.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

um desabafo

Eu imagino o as coisas que poderiam passar nas cabeças das pessoas que me conhecem e sabem um pouquinho da minha vida. "Como aquele menino consegue ser tão estranho?", "Como alguém consegue namorar ele?", "Por que ele vive ouvindo essas coisas esquisitas, dizendo frases sem sentido e no meio das pessoas?", "Por que esse menino cresceu assim, nossa família não pode ter gente assim". Outras, eu não imagino porque já ouvi ou li. "Ele é esquisito, ouve música estranha". "Eu não entendo esse menino". "Às vezes eu não tenho paciência para o jeito de ser dele". "Ele é do tipo que só magoa as pessoas com quem tem relacionamento sério", "Ai, tem certeza que quer que ele venha?" e por aí vai.
Não cabe a mim julgar o que as pessoas pensam a meu respeito, a respeito da minha vida, ou qualquer coisa assim. Não cabe a mim procurar respostas para o porquê de tanta coisa, não cabe a mim entender mais. É difícil tentar se adaptar ao mundo em que se vive, e eu juro que tentei, e tento todos os dias. Ter uma família que não te aceita enquanto alguém que não segue os preceitos estabelecidos, perder a mãe na adolescência e praticamente deixar de ser criança sem a presença de alguém para ser tomado de exemplo poderiam ser usados aqui como justificativas, mas não são.
Eu não tenho a capacidade de entender o porquê das coisas que eu faço, das coisas que eu gosto. Eu ouço muita gente, alguns até que lutam ferrenhamente por respeito a todas as pessoas, não respeitarem meus gostos pessoais, meu jeito de ser, a forma com que eu vejo o mundo e com que eu quero que todos se sintam bem. Sempre zombando, fazendo piadas, ou mesmo simplesmente fingindo a não existência enquanto ser humano. Mas sim, eu tenho meus hábitos, minha manias, meus jeitos. E não tenho e nunca tive vergonha deles, mesmo que muita gente tenha tentado me fazer ter. A diferença é que existem momentos que a solidão vem, e a única maneira de suprir isso é continuar sozinho.
Eu nunca me importei com brincadeiras a respeito de certos aspectos da minha vida, mas existem limites e muitas vezes eles são ultrapassados. E daí que eu não goste de coisas bem diferentes do que minha família gosta, e daí se eu enxergo o mundo de uma maneira diferente das pessoas, e daí se eu desabo quando vejo alguém que gosto mal, e daí se eu simplesmente gosto mais das pessoas do que eu deveria?
E é por isso que talvez minha família e as pessoas que não fazem parte dela vêm percebendo que ando me afastando, ou no mínimo, menos presente. Ficar sozinho tá sendo uma solução muito mais viável para mim, e contar com as pessoas é coisa que eu não to conseguindo mais.
Desculpa.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

o canto

Eu poderia dizer que estou definhando no fundo de um poço e clamando para ser resgatado, mas não quero fazer isso. Não quero me render a mais uma expressão que entra na boca das pessoas quando veem alguém jogado no canto sozinho. Só quero sair daqui, do canto, e ter noção de que o mundo lá fora me pertence também, faz parte de mim da mesma forma que faz parte de outras bilhões de pessoas. Mas não está dando certo. O pedaço de mundo com qual eu insisto em fazer parte não parece mais meu, e se ainda me pertence eu não sei onde coloquei. Será que deixei no fundo da gaveta do esquecimento, ou será que sou eu que estou lá?
Na verdade eu não sei. Talvez esqueci as chaves em algum lugar inexplorável no espaço e no tempo, somente no sentimento, esse que chama angústia e dá um aperto danado no coração. Por aqui eu vou ficando, com medo de sair.